domingo, 14 de julho de 2013

Oi meninas, hoje resolvi contar um pouco sobre minha história, tenho dificuldades de escrever sobre mim por isso desconsiderem qualquer coisa errada ou sem sentido e eu espero que possa contribuir de alguma forma para quem está com duvidas sobre assumir ou não o cabelo (:

Desde que eu era criança fui motivo de piadinhas preconceituosas sobre o meu cabelo, sei que não fui à única.
Ser alvo de piadas e de comparações idiotas nos leva a querer mudar, modificar aquilo que nos perturba a fim de livrar de toda a humilhação e vergonha.
Ai é que mora o problema! Quando decidimos mudar pelos outros deixamos de ser nós mesmos.
Deixei de ser eu mesma, fui condicionada desde criança a ser o que os outros queriam que eu fosse por motivos preconceituosos.
Eu me lembro de quando eu era criança e convivia com minha família por parte de pai, eu era a única de cabelo cacheado, minhas primas por terem cabelos lisos se sentiam na obrigação de falar coisas horríveis sobre os meus cachos (não gosto nem de lembrar).
Eu chorava muito, ficava triste e queria de todas as formas ter o cabelo parecido com o delas.
Todo churrasco em família, festas de aniversario sempre surgia um comentário maldoso sobre mim, era fato eu já ia com medo, brigava com a minha mãe pra não ir com o cabelo solto eu tinha vergonha de ficar perto das outras crianças com cabelo diferente do meu.
Cresci nesse clima eu aprendi a não gostar do meu cabelo, a achar ele feio e que eu não ficaria bonita com ele.
Era horrível, eu vivia com o cabelo preso porque eu sabia que se eu soltasse logo iria parecer um engraçadinho para detonar meu dia.
Preconceito é ruim, mas com uma criança que não sabe lidar com isso é cruel.
Com 11 anos eu não aguentava mais ouvir tanta humilhação, então convenci minha mãe a me deixar alisar o cabelo, fiz meu primeiro relaxamento, e a partir dai começou meu sofrimento, 8 anos da minha vida fazendo de tudo pra esconder meus cachos.
Gente, isso é um vicio terrível, eu não conseguia me imaginar com o cabelo natural, nunca saia de casa se eu tivesse sem chapinha, morria de medo que as pessoas descobrissem como era o meu cabelo de verdade.
Eu vivia em uma prisão que eu mesma criei, por mais que eu alisasse meu cabelo eu nunca estava feliz e satisfeita eu sempre queria mais, queria ser o que eu não era.
Com isso eu nunca entrava em piscinas, morria de medo de chuva, nem na frente dos meus pais eu tinha coragem de aparecer com o cabelo molhado.
Hoje olhando para trás (que não faz tanto tempo assim) percebo que eu era doente.
Então foi ai que aconteceu a pior e a melhor coisa da minha vida, ano passado, eu decidi usar henê.
A pior coisa que aconteceu foi que como eu usava outra química, ao passar o henê em cima eu quase fiquei careca, meu cabelo quebrava inteirinho. E a melhor coisa é que eu fui obrigada a parar com a química e com a chapinha porque meu cabelo não aguentava mais.
No começo eu entrei em desespero, literalmente eu surtei.
Eu queria porque queria continuar alisando e passando a prancha mais foi ai que minha mãe entrou na historia, vendo o meu cabelo do jeito que ele estava, tirou de mim tudo o que podia prejudicar ainda mais ele, me deixando sem opção, na verdade, me deixando a única opção assumir o meu cabelo natural.
De verdade, eu queria morrer.
Como não tinha mais jeito resolvi procurar na internet vídeos e blogs explicando como cuidava de cabelos cacheados, e foi ai que descobri que estava passando pela fase de transição.
Comecei a ver cabelos de meninas cacheadas e comecei a achar bonito, mas sempre com aquela famosa frase “é lindo mais em mim não dá certo”.
Acho que assisti todos os vídeos de cabelos cacheados e crespos do youtube (kkkkkkkkk)
E o bichinho da curiosidade foi crescendo eu queria saber como era o meu cabelo natural porque eu nem lembrava mais dele, e ai vendo aquelas mulheres lindíssimas com aqueles cabelos maravilhosos foi me dando vontade de sair com o meu cabelo solto (mesmo em transição)  mais o medo do que os outros iriam falar era muito maior.
Eu tinha muito mais muito medo mesmo de voltar a ser motivo de chacotas como eu era quando criança.
(Hoje eu dou risadas disso, aff como eu fui idiota).
Meu namorado sempre me incentivou a deixar meu cabelo natural bem antes do acidente químico (kkkkkkkkk), mas eu nunca dava ouvidos a ele.
A primeira vez que ele me viu com o cabelo natural ele me perguntou: Nossa porque vc não sai assim? Você fica muito melhor com o cabelo cacheado do que liso.
E sabe, foi isso que me deu forças pra sair pela primeira vez com o meu cabelo solto.
É o que eu digo, o mais importante na vida é estar ao lado de pessoas que te coloca pra cima, que te incentiva e te aceita como você é, foi graças a ele e aos meus pais que estou na luta por meus cachos de volta.
A primeira vez que sai com minha kindumba solta foi muito difícil, a insegurança estava tomando conta, a vergonha de mostrar o black e muitas pessoas olhando me deu vontade de sair correndo e voltar para casa, mas eu permaneci tentando ignorar todos os olhares preconceituosos.
Depois da primeira, ficou fácil demais sair com meu cabelo solto, do jeito que ele tivesse.
Eu comecei a me sentir especial, enquanto eu estava na rua com meu cabelo super armado eu só conseguia ver meninas escondidas debaixo dos cabelos “lisos perfeitos”, tentando seguir um padrão e esquecendo o que elas realmente são.
O mais engraçado é que eu descobri que com o meu cabelo natural eu faço a diferença não sou a penas mais uma.
Hoje depois de 9 meses em transição eu posso dizer que sou livre, não me preocupo mais com a chuva, não preciso mais ficar regulando a quantidade de dias pra lavar meu cabelo por medo de não dar tempo de fazer chapinha antes sair, não ligo mais para a minha raiz crescida e o dinheiro que eu gastava com química uso para comprar coisas que vai deixar meus cachos saudáveis, e o mais importante de tudo o que os outros pensam sobre ele não me interessa.
Nunca mais na minha vida dou ouvidos aos comentários de pessoas que não tem nada de útil a oferecer.

Vocês conseguem entender o que eu falo? Isso é liberdade.

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